Em mais um episódio lamentável de gangsterismo sindical patrocinado pela
CUT, um trabalhador foi ferido à bala quando a assembléia em que
participava foi invadida por jagunços armados.
No dia 01 de agosto a sede da CONLUTAS em São José dos Campos, no Vale do
Paraíba, sofreu um atentado a tiros. Gangsteres e bandidos armados de
escopetas, rojões e revolveres invadiram a sede quando os trabalhadores da
Construção Civil da Revap preparavam sua assembléia para fundar uma
ASSOCIAÇÃO DE AJUDA MUTUA E SOLIDARIEDADE DOS TRABALHADORES.
A sede da CONLUTAS fica em uma área pertencente ao Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. Cerca de 30 homens armados,
alguns encapuzados, desceram de um ônibus vindo de outra cidade e
invadiram o local com gritos, ameaças e tiros. Houve quebra-quebra de
instalações da sede, móveis, três carros do sindicato e do caminhão de
som, que estavam estacionados no local. Um trabalhador foi baleado na
cabeça e tiros foram disparados contra o coordenador da CONLUTAS.
Durante a invasão nada de valor foi roubado. Apenas documentos relativos à
fundação da Associação foram levados. Tais como a ata e a lista de
presença da assembléia.
Os fatos são de extrema gravidade. Este é o maior ataque a uma organização
do movimento operário desde a época da Ditadura Militar. Atos como estes
relembram o fascismo italiano, onde a violência e o bandidismo eram
utilizados contra os trabalhadores.
As características da ação e o interesse dos bandidos em levar do local
unicamente a ata da assembléia bem como a lista de assinaturas não deixa
dúvidas sobre os beneficiados por essa ação criminosa. Trata-se da CUT
(Central à qual é ligado tanto o Sindicato dos Trabalhadores da Construção
Civil de São José dos Campos, como a Federação Estadual à qual este
sindicato é filiado). Estamos, certamente, frente a mais um ato de
banditismo sindical praticado por esta Central Sindical, como o que vimos
recentemente em Diadema/SP, contra trabalhadores do transporte rodoviário.
É mais um passo destes sindicalistas que viraram as costas para os
direitos dos trabalhadores para defenderem o governo e os patrões. É a
serviço das empreiteiras da ECOVAP e da própria Petrobrás que estes
sindicalistas atuam ao tentar impedir a organização independente dos
trabalhadores da Construção Civil. Da mesma forma que tentam dividir a
categoria dos Metalúrgicos em São José, criando, em parceria com a própria
empresa, um sindicato paralelo dos trabalhadores da Embraer. E não medem
mais esforços, perderam todos os pruridos para fazer esta defesa chegando
ao ponto que vimos no ataque em São José dos Campos.
É o mesmo interesse em defender as políticas econômicas do governo Lula
que leva esta Central a patrocinar a convocação de uma assembléia nacional
de professores das universidades federais para tentar fundar um sindicato
na base do ANDES – Sindicato Nacional. Querem ajudar o governo a quebrar a
resistência dos trabalhadores do serviço público contra suas políticas
neoliberais.
Estes episódios, por outro lado, se inscrevem nos marcos da intensificação
da criminalização dos trabalhadores, suas lutas e suas organizações. O
Interdito Proibitório virou moda e ameaça de forma generalizada os
direitos sindicais dos trabalhadores. As demissões e perseguições contra
ativistas, dirigentes e movimentos é cada vez maior e mais violenta. A
tentativa do Ministério público do RS de criminalizar e ilegalizar o MST é
apenas o exemplo mais sombrio com que convivemos neste momento.
A CONLUTAS e os trabalhadores terceirizados da REVAP exigem do Governo
Lula, da Polícia Federal, do Governo Serra e da Policia do Estado que
investiguem, identifiquem os bandidos – e seus mandantes - que atacaram a
assembléia dos trabalhadores e assegurem punição exemplar para todos eles.
Queremos que seja esclarecido o papel da CUT (Sindicato da Construção
Civil e Federação Estadual) neste ato lamentável.
E também que seja investigada a participação das empreiteiras da ECOVAP e
da Petrobrás neste episódio. O direito de livre organização dos
trabalhadores e das entidades sindicais são garantidos pela Constituição,
e é um dever do Estado garanti-los.
O ataque à sede da CONLUTAS é um ataque ao conjunto das organizações
independentes do movimento operário. Uma agressão a todos que repudiam o
uso da violência física para dirimir diferenças políticas.
Assim estamos conclamando a todas as entidades sindicais, movimentos
populares, entidades democráticas, a somarem-se nesta luta em defesa do
direito a livre organização dos trabalhadores, em repúdio ao gangsterismo
sindical e ao uso da violência contra os trabalhadores e suas lutas, bem
como contra todas as formas de criminalização da luta e da organização dos
trabalhadores.
Dia 20 de agosto próximo será realizado um ato político, de caráter
nacional, em São José dos Campos, em solidariedade aos trabalhadores da
região, contra o banditismo sindical, e contra toda forma de
criminalização da luta e da organização dos trabalhadores. Convidamos
todos os sindicatos, movimentos populares, parlamentares, personalidades e
entidades democráticas a participarem.
Coordenação Nacional da Conlutas
Coordenação da Conlutas do Vale do Paraíba